Uma vida sem desafios não vale a pena ser vivida. Sócrates

domingo, 6 de março de 2011

8 de março - Dia Internacional da Mulher



Mariana, de quatro anos, estava brincando na sala, enquanto a mãe via na TV a apuração final dos votos, no dia 31 de outubro 2010. Quando escutou a mãe bater palmas, e se levantar, dando pulos na sala, ela perguntou: “Mamãe, a Dilma ganhou?”. A mãe respondeu: “Ganhou sim!”. Mariana juntou as duas mãozinhas no peito e disse admirada: “Mamãe, então as mulheres ganharam?!” Neste ano de 2011, celebramos o Dia Internacional da Mulher com esta novidade e com uma grande responsabilidade. Pela primeira vez na história, temos uma mulher como presidente do Brasil. Em seu primeiro discurso, Dilma Rousseff afirmou: “tenho comigo a força e o exemplo da mulher brasileira. Abro meu coração para receber, neste momento, uma centelha de sua imensa energia”. Também nós somos convocadas a acolher este momento histórico como dom e como chamado. Descobrir em cada uma de nós esta energia de vida que nos foi dada desde o início da nossa existência e cultivá-la para que possa contribuir para o cuidado e a defesa da vida em todas as suas dimensões. A cumplicidade solidária, consciente e generosa, criativa e articulada vai acontecendo a partir de dentro de cada uma e irá sendo realizada em cada comunidade MJC. Alargar o nosso interior, o horizonte da nossa vida e missão (Is 54,2) e conquistar novos espaços de atuação solidária e transformadora é o desafio maior neste momento histórico em que vivemos.
Em quem buscar inspiração para realizar tão urgente missão? Em Maria de Nazaré, “Nossa Mãe e Riqueza”. Ela era ainda uma jovenzinha quando recebeu uma proposta surpreendente e desafiadora: ser a Mãe do Messias, realizando, assim, a esperança dos pobres, de um povo que caminhava em busca da vida em plenitude, confiante na promessa de Deus. Maria dialoga, pergunta, quer entender e assume esta missão como servidora de Deus para realizar o sonho dos pobres (Lc 1,38). Um assumir que começa a realizar-se imediatamente, pois ao saber que a prima idosa estava grávida, ela sai depressa de casa e percorre um longo caminho para ir ao seu encontro. A solidariedade de Maria gera uma alegre cumplicidade entre as duas mulheres. Elas experimentam uma imensa alegria ao perceber que a história está sendo transformada a partir dos seus corpos de mulheres, de suas buscas, de seus sonhos e de suas entregas ousadas, dentro do cenário cultural conservador e patriarcal em que vivem.



E elas o fazem confiantes na surpreendente misericórdia de Deus e na força transformadora da Ruah Divina. Assim, começa um novo tempo, em continuidade com o antigo, porém diferente porque os pequeninos e as mulheres passam a ter um lugar na construção desta nova etapa da história.

Olhando para Maria vamos compreender que a complexidade do tempo presente pede mudanças rápidas e sucessivas. Vamos escutar e acolher as provocações que nos chegam de todos os lados. Vamos ter mais atenção, lucidez e discernimento, para não perdermos o rumo da nossa causa maior: o Reino de Deus e sua justiça, que significa vida em abundância não só para os seres humanos, mas para todo o universo.
O importante agora é não perdermos a chance de entrarmos nessa corrente, para fortalecer e engrossar esta rede de solidariedade na defesa da vida. Firmar parcerias, perceber os pequenos sinais que apontam para alguma possibilidade de cura das pessoas machucadas, esmagadas, colocadas à margem, sem qualquer chance de uma existência digna. Escutar também o grito da natureza, muitas vezes explorada e violentada de forma inescrupulosa, sem nenhum respeito e cuidado. Olhando para Maria não teremos medo de ir ao encontro de situações desafiadoras, usando os meios de que dispomos para ajudar a solucioná-las. Bem mais que perguntar pelas causas, torna-se necessário centrar esforços em pequenos gestos que alimentem a esperança e a construção de “um outro mundo possível”, onde crianças e jovens, pessoas adultas e idosas dançarão de alegria, porque a paz brotará da justiça e o amor superará o ódio e os preconceitos. Todos terão o necessário para viver e continuarão sonhando e criando um tempo que não tem fim. Assumir este sonho será a melhor maneira de celebrar o Dia Internacional da Mulher!Irmã Mercedes